Da Viola

agosto 21, 2013 § Deixe um comentário

Por um coração leviano,

tive desilusão.

Por desenganos chorei.

Não quero mais amar a ninguém.

Quero, apenas, uma pausa.

Não sei correr.

E como velho marinheiro,

levo o barco devagar,

na busca de um sono tranquilo.

Priscilla Guerra

Te perdoo

março 24, 2013 § Deixe um comentário

Te perdoo por não ligar.

Por não me notar.

Por não me amar.

Te perdoo por não pensar em mim,

por não me querer.

Te perdoo por mentir.

 

Priscilla Guerra

Gelo

março 14, 2013 § Deixe um comentário

Para o coração apaixonado o passado é sempre passado? Ao lembrar de recordações ela chora. O peito aperta e a cama vazia não conforta. Dormir desde então é impossível, quando o outro corpo, que lhe acalentou todas as noites, não mais a cobre nas noites que tornaram-se frias. A saudade congela agora não só o corpo como a alma. Lágrimas escorrem como pedaços de gelo que quebram ao calor dos olhos que queimam ao ver passar. E percebe que até a mais dura estátua de gelo derrete de amor ou ódio por um passado desfeito e mal feito.

Ela sumiu

janeiro 24, 2013 § Deixe um comentário

Ela partiu

Partiu e nunca mais voltou.

Ela sumiu, sumiu e nunca mais voltou.

Sem abraço ou beijo de despedida.

Se souber onde ela está não digam.

Ela realmente não volta mais.

Sem telefonema, sem pista e sem insistência.

Ela não quer mais voltar.

Ela sumiu.

Priscilla Guerra

Dois Infernos

dezembro 13, 2012 § Deixe um comentário

O inferno dependendo de quem você quer mandar parece tão longe ou tão perto. O mais comum é desejarmos mandar todos para o mais distante. São aqueles que você não aguenta ver mais pintado de ouro ao seu lado. Para O longe servem esses. Mas aqueles que mesmo te atazanam a vida diária, perseguem seus pensamentos e irritam pelo fato de existir errado na sua vida, esses a gente pode mandar para um inferno perto. Vá mas volte. Mas por que ter de volta? Pois são esses que mesmo infernizando sua vida, você não consegue viver sem. Mesmo mandando para o inferno todos os dias. Eles vão mas esperamos que voltem todos os dias. Pois então vá lá. Mas volte, pois sem você não dá.

Priscilla Guerra

“O inferno nem é tão longe
Bem depois de onde nada se esconde
Mais perto do que distante
Não demora muito e ele chega pra qualquer um”

“Não vou te mandar pro inferno porque eu não quero
E porque fica muito longe daqui”

Companheiras de quarto

outubro 11, 2012 § Deixe um comentário

Eram companheiras de quarto havia um ano. Mas nunca trocaram uma palavra pessoalmente. Viviam de conversas por bilhetes. A mais velha levantava às quatro da manhã. Arrumava a cama, tomava banho e preparava o café. Tomava o seu e deixava uma bandeja para a mais nova que chegava já de manhã. Junto com o café sempre um bilhete. Quando não tinha recado, ao menos uma frase bonita, que lia em algum livro ou revista de mulher. Escrevia para que amanhecesse bem o dia. E sai para pegar o ônibus. Seis da manhã. Trabalhava em casa de família. Pegava às oito e largava só na hora do jantar, por volta de nove da noite. Sua vida era praticamente trabalhar naquela casa. Uma folga por semana que usava para passear o dia inteiro, esquecer da vida dura que levava. A outra pouco tinha folga e seu trabalho era noturno. Dormia praticamente o dia inteiro. Chegava em casa às cinco da manhã. Quando não dormia no trabalho e chegava no fim da manhã do dia seguinte. Ao chegar em casa ia direto tomar banho demorados. Lavava o corpo inteiro sem esquecer nenhuma parte. Não queria manter nenhum vestígio do último cliente. Nem cheiro, nem saliva ou porra de noites de sexo. Ia tudo, por água abaixo, pelo ralo do banheiro. Dali, ia direto para cama. Quando encontrava a outra deitada, deixava sempre um recado sobre algo que faltava ou aviso do senhorio, um doce ou algo perfumado para alegrar o dia da mulher. Sempre agradecendo o café deixado de manhã e deitava. Quando não a encontrava, o recado era deixado sobre a cama e nele sempre um aviso de que a janta estaria dentro da geladeira e que era só esquentar. Uma não sabia direito o que a outra fazia mas sabiam o quanto cansativo era o trabalho uma da outra. Ao longo desse um ano morando juntas, nenhuma de suas folgas possibilitaram a chance de um encontro para se conhecerem acordadas ou sem bilhetes. Por força do destino estavam ocupadas nas folgas uma da outra. E construíram uma amizade, um companheirismo mesmo que estranho. Conheciam poucos detalhes uma da outra mais pelas pessoas que conheciam em comum. Nada muito profundo. Um dia o destino as colocou frente a frente. O patrão da mais velha havia se separado e a mulher ido embora com os filhos. Ela ficou na casa. Naquela noite o trabalho, mesmo sem os meninos em casa, rendera mais do que o normal pois a patroa havia saído de casa deixando tudo de pernas para o ar. Acabava de arrumar a cozinha, quando o patrão chegou. Foi a sala para avisar que ainda estava terminando de arrumar a cozinha quando encontrou ele com outra mulher. Só a viu de costas. A mulher parecia não querer se mostrar mas deu para notar que era alta, bonita e com o corpo a mostra na roupa justa, que revelava o tipo de serviço que prestava. O patrão tratou logo de dispensá-la e dizer que no dia seguinte estaria de folga, mesmo já tendo tirado folga naquela semana. Voltou para cozinha trocou de roupa na área de serviço e foi se despedir quando ao sair, pela porta da cozinha, ficou frente a frente com a outra. Era sua companheira de quarto. No susto, a menina deixou cair ao chão o copo de uísque que já havia bebido. Ela ainda surpresa involuntariamente baixou-se para catar os cacos de vidros que se espalharam pelo chão da sala de jantar. A outra seguiu seu movimento e baixou-se para catar e junto tentava se explicar não acreditando naquela situação. Ela sem olhar para a menina apenas disse que não tinha necessidade de explicações. E antes mesmo do patrão chegar a sala, vindo do escritório, já tinha a mulher recolhido os cacos de vidro e deixado a casa pela área de serviço. Naquela noite a menina não negou seus serviços, prestou-o com toda a destreza que só ela sabia fazer. A mais velha voltara para casa sem tirar aquele rosto de menina da cabeça. Rosto que já conhecia mas parecia ter sido a primeira vez. Algo a impressionara, não pela situação mas por algo que não sabia explicar. Ao chegar em casa naquela noite não conseguiria pegar sono. Tomou banho. Nada comeu. Deitou-se na cama e virava de um lado para o outro. Enquanto isso, a quilômetros de distância dali, a menina saia escondida do apartamento, aproveitando o sono do cliente após algumas horas de sexo. Chegaria mais cedo do que de costume em casa mas provavelmente já pegaria a outra dormindo. No quarto ainda virava de um lado para o outro, quando ouviu a porta abrindo. Rapidamente fechou os olhos e fingiu dormir. Não ouvia a menina se mover pelo quarto. Parada a sua frente ficou observando o corpo da mulher estendido na cama onde sentou. Ao sentir a presença da menina ao seu lado, sentiu subir pelo seu corpo algo que não sabia entender o que era. Até que o toque daquelas mãos macias em seu rosto a fez sentir algo que a muito tempo não recebia, um simples carinho. E deixou-se acariciar por aqueles dedos finos. Não pensava no que aquilo poderia ser, no por quê e no que daria. Só desejava sentir aquilo e que fazia tão bem. Quando os dedos tornearam seus lábios, abriu os olhos. A menina assustada levantou-se. Mas ela não permitiu um maior distanciamento ou desistência. Levantou-se e antes que a menina fugisse, puxou-a pela mão e encostou seu corpo já maduro naquele corpo juvenil que não recuou. E olhando profundamente em seus olhos a beijou com a paixão mais forte sentida em seu peito.

 Priscilla Guerra

Tatuagem

outubro 3, 2012 § Deixe um comentário

A vontade de manter distância, nada mais era do que uma dolorosa e incontrolável vontade de estar perto. Feito tatuagem, grudada ao corpo. Assim fazendo de dois corpos apenas um. Desenhando em cada ponto de carne a paixão. Com finos traços de desejo contornando seios e ventre. Querendo marcar feito cicatriz para que mesmo com a distância, nunca mais seja esquecida.

Priscilla Guerra

Dedos, anéis e amores.

outubro 3, 2012 § Deixe um comentário

Vão-se os dedos e ficam os anéis.

Ficam os anéis e vão-se os amores.

Vão-se os amores e ficam os dedos.

Priscilla Guerra

Mal estar

julho 30, 2012 § 1 comentário

“Engoliu todo o sentimento mas sentia na ponta da garganta a vontade de vomitá-lo e jogar pra fora todo aquele mal estar.”

Priscilla Guerra

O abismo que é uma mulher

março 25, 2012 § Deixe um comentário

Mulher: abismo difícil de não se pular. Poucos são os fortes que dão a volta e não pulam de cabeça no abismo profundo que é uma mulher. A maioria é fraca e não hesita, se joga de cabeça. Um pulo para a morte dolorosa e fatal que é amar uma mulher. O pulo nem sempre tem a morte do corpo. Mas certamente tem a da alma que é entregue a mulher amada. E nada mais mortal do que a entrega da alma à uma mulher.

Priscilla Guerra

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